domingo, 6 de março de 2016

..e agora Luiz?



Com a devida licença do Carlos Drummond de Andrade. Com todo o respeito. "Autor Anônimo"

"E agora, Luiz?" 

E agora, Luiz?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, Luiz?
e agora, você?
você que é cheio de nome,
que zomba dos outros,
você que faz pouco,
que ama, protesta?
e agora, Luiz?

Está sem mulher,
está sem discurso,
está sem carinho,
já não pode beber,
já não pode fumar,
cuspir já não pode,
a noite esfriou,
o dia não veio,
o bonde não veio,
o riso não veio
não veio a utopia
e tudo acabou
e tudo fugiu
e tudo mofou,
e agora, Luiz?

E agora, Luiz?

Sua doce palavra,
seu instante de febre,
sua gula e jejum,
sua patota,
sua lavra de ouro,
seu terno de vidro,
sua incoerência,
seu ódio - e agora?

Com a chave na mão
quer abrir a porta,
não existe porta;
quer morrer no mar,
mas o mar secou;
quer ir para Atibaia,
Atibaia não há mais.

Luiz, e agora?

Se você gritasse,
se você gemesse,
se você tocasse
o pagode de sempre,
se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...
Mas você não morre,
você é duro, Luiz!

Sozinho no escuro
qual bicho-do-mato,
sem teogonia,
sem parede nua
para se encostar,
sem cavalo preto
que fuja a galope,
você marcha, Luiz!

Luiz, para onde?

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