quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

“Vem me pegar se for homem”

Texto de: Viúva Negra
Retirado de: Google+

Não tenho como objetivo desse texto, denegrir ou manchar, ou ferir a honra da figura em questão ''trata-se de fatos, e palavras ditas pelo mesmo em entrevista'' e está em todos os veículos de comunicação.
Há homens aí no Ministério Público Federal para aceitar o desafio de Lula?
 Em entrevista a blogueiros, Lula diz que ninguém no mundo é tão honesto como ele; lança-se candidato a papa e intimida, com sucesso, a Operação Lava Jato.
Lula, concedeu entrevista no instituto que leva seu nome aos autoproclamados “blogueiros progressistas”.
Era um café da manhã.
Aqui se torna necessário proceder a uma rápida definição: um “blogueiro progressista” é aquele que vive de joelhos, tocando flauta para o partido em troca de publicidade oficial ou oriunda de entidades ligadas ao partido.
São progressistas como um táxi.
Eles só não são tão limpinhos.
Há pouco, o homem contratou um criminalista para defendê-lo.
O objetivo do encontro foi intimidar a força-tarefa da Lava Jato. Não é a primeira vez que o faz. E tem dado resultado. Tanto é assim que ele, até agora, não é investigado nem mesmo num inquérito, embora não faltem motivos. Só o episódio envolvendo o empréstimo do grupo Schahin ao partido poderia render bem mais do que um inquérito: já vale uma denúncia.
Mas é visível que Rodrigo Janot e a Polícia Federal têm medo de Lula. Adiante.
Na conversa com os seus escravos bem remunerados, Lula bateu no peito: “Se tem uma coisa que eu me orgulho, neste país, é que não tem uma vivalma mais honesta do que eu. Nem dentro da Polícia Federal, nem dentro do Ministério Público, nem dentro da Igreja Católica, nem dentro da igreja evangélica. Pode ter igual, mas eu duvido”.
Notem que Lula não aceita nem mesmo uma “alma igual” à dele. Ou por outra: é o homem mais honesto do mundo. Aliás, submetendo a fala a uma leve aceleração, a gente conclui que ele vai é se candidatar a papa. O Francisco que se cuide!
Olhem que a Igreja Católica já teve alguns papas polêmicos
Um (Estêvão VI) mandou desenterrar o corpo do antecessor para julga-lo. Outro comprou o papado, subornado cardeais, e fez sete filhos bastardos (Alexandre VI). Outro ainda (Bento IX) vendeu o papado duas vezes. Não se tem notícia, até agora, de um papa que tenha privatizado um país, tornando-o propriedade particular de um partido.
O Número Um da legenda que fez o Brasil mergulhar numa crise moral, econômica e política sem precedentes se orgulha de ter criado “mecanismos para que nada fosse jogado debaixo do tapete”. É mentira! Desafio Lula ou qualquer petista a revelar qual foi a instituição nova criada pelos companheiros para combater a corrupção.
Lula ainda fantasia para tentar se proteger. Certamente é uma estratégia combinada. Disse ter ouvido por aí que “delação premiada tem que ter o nome do Lula, senão não adianta”. Ele sabe que está mentindo. Por que alguém diria isso?
A verdade é bem outra: o apedeuta constata que, a cada dia, é mais insustentável mantê-lo afastado das investigações. Lula não ser alvo nem mesmo de inquérito desmoraliza a Operação Lava Jato e lhe empresta um caráter evidentemente seletivo. Lamento ter de dizer com tanta crueza, mas uma operação que destrói Eduardo Cunha, ainda que seja por bons motivos, e nem mesmo apura irregularidades envolvendo Lula está a serviço do status quo.
Mas Lula é ousado. Afirma: “Duvido que tenha um promotor, delegado, empresário que tenha a coragem de afirmar que eu me envolvi em algo ilícito”.
Ele admitiu, sim, fazer o que chama “jogo de influência”. Disparou: “As pessoas deveriam me agradecer. O papel de qualquer presidente é vender os serviços do seu país. Essa é a coisa mais normal em um país.

Estamos diante de uma tática da defesa. Reitero: o objetivo é intimidar a força-tarefa. Até agora, o homem tem sido bem-sucedido, não é mesmo? Parlamentares de quinto escalão, de que nunca ouvimos falar, surgem aqui e ali como personagens do escândalo, da máquina de assalto que tomou conta do país. Enquanto isso, Lula bate no peito e desafia: “Vem me pegar se for homem” E ninguém vai.

terça-feira, 5 de janeiro de 2016

Há vida inteligente no Itamaraty

Fonte: O Antagonista

Numa atitude surpreendente para uma diplomacia submetida aos desígnios bolivarianos, o Itamaraty emitiu nota agora há pouco pressionando o governo de Nicolás Maduro a respeitar o resultado da eleição que deu maioria à oposição na Assembleia Nacional.

"O governo brasileiro confia que serão preservadas e respeitadas as atribuições e prerrogativas constitucionais da nova Assembleia Nacional venezuelana e de seus membros", diz a nota.

Para um texto diplomático, é um recado claro após a iniciativa do Partido Socialista Unido da Venezuela (PSUV) de recorrer ao Tribunal Supremo de Justiça, controlado por Maduro, para impugnar a posse de alguns deputados.

"O governo brasileiro confia que será plenamente respeitada a vontade soberana do povo venezuelano, expressada de forma livre e democrática nas urnas. Não há lugar, na América do Sul do século XXI, para soluções políticas fora da institucionalidade e do mais absoluto respeito à democracia e ao Estado de Direito."


Parece que ainda há vida inteligente no Itamaraty. Esperamos que ela floresça e se reproduza.

A REVOLUÇÃO CULTURAL DO PT

Fonte: O Globo - texto do historiador Marco Antonio Villa




O Ministério da Educação está preparando uma Revolução Cultural que transformará Mao Tsé-Tung em um moderado pedagogo, quase um “reacionário burguês.” Sob o disfarce de “consulta pública”, pretende até junho “aprovar” uma radical mudança nos currículos dos ensinos fundamental e médio — antigos primeiro e segundo graus. Nem a União Soviética teve coragem de fazer uma mudança tão drástica como a “Base Nacional Comum Curricular.”

No caso do ensino de História, é um duro golpe. Mais ainda: é um crime de lesa-pátria. Vou comentar somente o currículo de História do ensino médio. Foi simplesmente suprimida a História Antiga. Seguindo a vontade dos comissários-educadores do PT, não teremos mais nenhuma aula que trata da Mesopotâmia ou do Egito. Da herança greco-latina os nossos alunos nada saberão. A filosofia grega para que serve? E a democracia ateniense? E a cultura grega? E a herança romana? E o nascimento do cristianismo? E o Império Romano? Isto só para lembrar temas que são essenciais à nossa cultura, à nossa história, à nossa tradição.



Mas os comissários-educadores — e sua sanha anticivilizatória — odeiam também a História Medieval. Afinal, são dez séculos inúteis, presumo. Toda a expansão do cristianismo e seus reflexos na cultura ocidental, o mundo islâmico, as Cruzadas, as transformações econômico-políticas, especialmente a partir do século XI, são desprezadas. O Renascimento — em todas as suas variações — foi simplesmente ignorado. Parece mentira, mas, infelizmente, não é. Mas tem mais: a Revolução Industrial não é citada uma vez sequer, assim como a Revolução Francesa ou as revoluções inglesas do século XVII.

O apagamento da História, ao estilo Ministério da Verdade de “1984,” não perdoou a história dos Estados Unidos — neste caso, abriu exceção somente para a região onde esteve presente a escravidão. Do século XIX europeu, tudo foi jogado na lata de lixo: as unificações alemã e italiana, as revoluções — como a de 1848 —, os dilemas político-ideológicos, as mudanças econômicas, entre outros temas clássicos e indispensáveis à nossa História.


Os policiais da verdade não perdoaram também a História do Brasil. Os movimentos pré-independentistas — como as Conjurações Mineira e Baiana — não existiram, ao menos no novo currículo. As transformações do século XIX, a economia cafeeira, a transição para a industrialização foram desconsideradas, assim como a relação entre as diversas constituições e o momento histórico do país, isto só para ficar em alguns exemplos.

Mas, afinal, o que os alunos vão estudar? No primeiro ano, “mundos ameríndio, africanos e afro-brasileiros.” Qual objetivo? “Analisar a pluralidade de concepções históricas e cosmológicas de povos africanos, europeus e indígenas relacionados a memórias, mitologias, tradições orais e a outras formas de conhecimento e de transmissão de conhecimento.” E também: “interpretar os movimentos sociais negros e quilombolas no Brasil contemporâneo, estabelecendo relações entre esses movimentos e as trajetórias históricas dessas populações, do século XIX ao século XXI.” Sem esquecer de “valorizar e promover o respeito às culturas africanas, afro-americanas (povos negros das Américas Central e do Sul) e afro-brasileiras, percebendo os diferentes sentidos, significados e representações de ser africano e ser afrobrasileiro.”


No segundo ano — quase uma repetição do primeiro — o estudo é sobre os “mundos americanos.” Objetivo: “analisar a pluralidade de concepções históricas e cosmológicas das sociedades ameríndias a memórias, mitologias, tradições e outras formas de construção e transmissão de conhecimento, tais como as cosmogonias inca, maia, tupi e jê.” Ao imperialismo americano, claro, é dado um destaque especial. Como contraponto, devem ser estudadas as Revoluções Boliviana e Cubana; sim, são exemplos de democracia. E, no caso das ditaduras, a sugestão é analisar o Chile de Pinochet — de Cuba, nem tchum.

No terceiro ano, chegamos aos “mundos europeus e asiáticos.” Se a Guerra Fria foi ignorada, não foi deixado de lado o estudo da migração japonesa para o Paraguai na primeira metade do século XX (?). O panfletarismo fica escancarado quando pretende “problematizar as juventudes, discutindo massificação cultural, consumo e pertencimentos em diversos espaços no Brasil e nos mundos europeus e asiáticos nos séculos XX e XXI.” Ou quando propõe “relacionar as sociedades civis e os movimentos sociais aos processos de participação política nos mundos europeus e asiáticos, nos séculos XX e XXI, comparando-os com o Brasil contemporâneo.”


Quem assina o documento é o ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, um especialista brasileiro em Thomas Hobbes. Porém, Hobbes ou o momento em que viveu (o século XVII inglês) são absolutamente ignorados pelos comissários-educadores. Para eles, de nada vale conhecer Hobbes, Locke, Platão, Montesquieu, Tocqueville, Maquiavel, Rousseau ou Sócrates. São pensadores do mundo europeu. O que importa são as histórias ameríndias, africanas e afro-brasileiras.


O documento está recheado de equívocos, exemplos estapafúrdios, de panfletarismo barato, de desconhecimento da História. Os programas dos cursos universitários de História foram jogados na lata de lixo e há um evidente descompasso com a nossa produção historiográfica. A proposta é um culto à ignorância. Nenhuma democracia no mundo ocidental tem um currículo como esse. Qual foi a inspiração? A Bolívia de Morales? A Venezuela de Chávez? A Cuba de Castro? Ou Lula, aquele que dissertou sobre a passagem de Napoleão Bonaparte pela China?